Não nos foi dado conhecer a época da fundação da Casa da Igreja, mas a construção actual, se apresenta sinais evidentes de obras várias realizadas ao longo do tempo, possui todas as características dum Solar da região da segunda metade do século XVIII […]. 

Recentemente foi o edifício objecto de obras de reconstrução da sua ala direita, obras que, em nosso entender, são bastante discutíveis, pela criação de dois pisos na frente posterior, pela consequente alteração do telhado que atinge uma grande altura e ainda pelo arranjo interior que eles viriam provocar, levando a profundidade da construção para 16 metros. 

Dado que tais obras se encontram suspensas e que os proprietários entendem ser aceitável demolir parte delas caso tal seja necessário para um bom arranjo do conjunto, o ante-projecto não considerou fundamental a sua conservação, embora se apresente o seu levantamento. 

O presente ante-projeto, pela sua própria natureza, pretende sobretudo apresentar a ideia de uma solução possível para o arranjo da Casa da Igreja, de modo a, pela conservação e valorização de todo o seu carácter, torná-la perfeitamente habitável dentro dum actual conceito de vida. Respeitou-se mais e parece-nos que tal atitude não merece críticas - a obra do passado do que a obra realizada recentemente que, como já foi dito, quási não pode ser tomada em consideração. 

Mantendo o espírito da casa em duas alas com capela central - elemento a um tempo de separação e de ligação - foi destinada a ala esquerda para aí realizar uma habitação completa que possa viver em perfeita independência. Conservando apenas a actual sala de entrada (pois que ela possui o mais antigo e mais valioso tecto da casa), bem como o quarto dos Proprietários, praticamente tudo seria remodelado, ainda que se mantivessem as paredes e aberturas existentes nas frentes NE e SE e parte das paredes mestras interiores.


Fernando Távora, Porto, 1958