1 - […] Conhecida por ‘Casa Primo Madeira’, do nome do seu último proprietário privado, […], a residência era de início constituída por um edifício de planta rectangular, depois (1899) ampliado para nascente, presumivelmente segundo projecto do Arquitecto José Marques da Silva, e por um edifício anexo que comportava no rés-do-chão a cavalariça e a cocheira e no andar duas residências de empregados. […] 

3 - Quando a Reitoria da Universidade do Porto decidiu a instalação no palacete do Círculo que ocupa e tomou posse das respectivas obras de recuperação, efectuadas entre os anos de 1986 e de 1988, houve, naturalmente, que elaborar o respectivo projecto tendo em vista a sua nova função e o seu carácter e estado de conservação. Da leitura das plantas do edifício que apresentamos facilmente se concluirá a intenção, plenamente realizada, de reduzir ao mínimo as alterações à compartimentação existente, verificando-se assim não apenas a adaptação do edifício ao seu novo programa mas, igualmente, a adaptação do novo programa à pré-existência. […] 

4 - Quanto ao estado de conservação do interior do palacete poderá afirmar-se que o mesmo se encontrava pleno de dificuldades no que se refere à sua recuperação, não tanto em matéria de informação relativa às pré-existências, uma vez estabelecido o princípio de recriar, na medida do possível, todos os valores espaciais significativos, mas em matéria de mão-de-obra capaz de os executar. […] 

5 - Não deixaremos de referir, para além da recuperação dos edifícios, a preocupação com o seu equipamento interior. Para tanto procedemos ao desenho de grande parte do mobiliário e de candeeiros de iluminação, tendo em atenção a sua importância para a caracterização funcional e para o reforço do significado e da expressão de cada compartimento. […]”. 


Fernando Távora, Porto, 1990