Ante-plano de Urbanização do Campo Alegre

Porto, Campo Alegre, 1949

…Ideia do plano: construção de uma paisagem nitidamente urbana a umas dezenas de metros de altura sobre o Douro. Viveriam aí uns 6000 habitantes com o seu equipamento e tráfego próprio independente do tráfego de passagem, uma grande praça e uma avenida de peões permitiria uma intensa vida social. Procurava-se que a solução tivesse um grande sentido cívico, uma grande expressão de presença. Eu cria (e continuo a crer) que por vezes há que sacrificar um pouco o indivíduo para obter soluções cujo significado ultrapasse a sua escala. E estou certo de que o indivíduo de quem tanto se fala hoje aceita e compreende coisas que, ultrapassam a sua escala não em si mas como parte de um todo a que necessariamente tem de pertencer. 

Eu via esta solução do Campo Alegre como um acto perfeitamente portuense, capaz de produzir um grande “impact” (mas o trabalho ficou no esqueleto, o que lhe dá um certo ar esquemático e frio a que se acrescentava a inexperiência da matéria). A ideia de monumento nunca me abandonou neste trabalho de que me não arrependo ainda hoje embora reconheça que não tinha capacidade para lhe dar a forma correcta. Quando falo em monumento, quero significar qualquer coisa que seja útil e viva, sentida…

Fernando Távora